20 de Janeiro, 2024

PRINCIPAIS LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS LIGADAS AO TRABALHO NA INDUSTRIA DE ABATE, DESMANCHA E CHARCUTARIA

Nos últimos 4 anos, desenvolvemos um projeto que tinha como principal objetivo a avaliação, diagnóstico e tratamento das principais LMERT (lesões músculo-esqueléticas resultantes do trabalho) na indústria de abate, desmancha de carne e charcutaria.

Da experiência e dos dados recolhidos em contexto real de trabalho e em ambiente de clínica, permitiu-nos desenvolver tratamentos específicos para as principais lesões decorrentes desta atividade profissional.

O abate e a desmancha industrial de animais para consumo humano comportam a exposição a factores de risco de natureza profissional que podem determinar efeitos adversos para a saúde de quem, nesse contexto, desenvolve a sua atividade profissional.

Neste estudo avaliamos, diagnosticamos e tratamos 403 colaboradores, de unidades de abate, desmancha e transformação de carne, sendo 73 do abate, 167 da desmancha e 163 da transformação (charcutaria), onde pudemos identificar as PRINCIPAIS LESÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS neste tipo de indústria.

Após a análise de todos os locais de trabalho, onde se observou todo o processo realizado pelo colaborador – posição do local de trabalho, tipo de movimentos realizados, força utilizada no processo, cadência de trabalho, condições de temperatura ambiente, carga de peso, deslocação de carga/peso – concluímos que as principais LMELT são:

Os dados mais significativos das regiões anatómicas lesadas nas diferentes unidades de produção:

Região Anatómica Lesada  Abate  DesmanchaCharcutaria  TransformaçãoTOTAL
Cervical205162133
Dorsal4252857
Lombar194654119
Ombro246559148
Cotovelo10182250
Punho/Mão11353278
Anca211922
Joelho6111633
Tornozelo/Pé491427

Foi aplicado o questionário nórdico músculo-esquelético modificado a cada colaborador individualmente sobre as suas características sócio-demográficas; a presença de sintomas em pelo menos quatro dias seguidos nos últimos 12 meses na coluna cervical, ombros, cotovelos, punhos/mãos, coluna dorsal, coluna lombar, ancas/coxas, pernas/joelhos e tornozelos/pés. A faixa etária dos colaboradores é, em média 44,7 anos, sendo que a maioria das lesões já assumiu um processo crónico devido ao elevado número de anos que cada colaborador tem no mesmo tipo de serviço (média de 13,5 anos).

Concluímos que a maioria dos colaboradores desenvolveram LMERT em mais que uma zona anatómica, isto é, as lesões diagnosticadas incidiam em mais que uma região anatómica e, na sua grande maioria, já eram crónicas.

Antes do início do programa de saúde e bem-estar a taxa de absentismo por baixa médica, resultante de LMERT era de cerca de 12,6%, registando-se uma média de cerca de 25 dias anuais de falta ao trabalho resultante das lesões diagnosticadas. Tivemos casos em que a baixa médica já se prolongava por mais de 8 meses.

Para cada colaborador foi desenhado um plano individualizado de tratamentos, tendo em conta a especificidade de cada um, das suas lesões e do seu estado geral de saúde. Cada tratamento realizado tinha como objetivo o tratamento da lesão, ou numa boa parte dos casos, tratamentos que criassem as condições essenciais para o colaborador poder continuar a desenvolver o seu trabalho sem recorrer à baixa médica, diminuindo a taxa de absentismo.

No final deste programa de saúde e bem-estar constatamos que o absentismo por baixa médica ficou reduzido a 2,2%, sendo que os colaboradores que recorreram à baixa médica tinham associadas outras patologias, nomeadamente, de saúde mental: burnout, ansiedade, depressão.

Baixamos a taxa de absentismo de 12.6% para 2.2%

A maioria dos colaboradores trabalha de pé, cerca de 8 horas diárias, em postos de trabalho que ergonomicamente estavam mal dimensionados para o colaborador e detectamos vários problemas a nível dos membros inferiores: síndrome de pernas cansadas, derrames articulares, varizes, entre outras sintomatologias.

Os colaboradores que tratamos semanalmente referiram uma melhoria significativa a nível de saúde em geral e em particular das lesões tratadas e que os impossibilitava de trabalhar.

Para respondermos de forma eficaz a estas situações desenvolvemos um tratamento integrativo composto pela Pressoterapia médica (equipamento exclusivo da nossa clínica), pela acupuntura sistémica e pela fisioterapia integrativa. Com este tratamento conseguimos tratar a maior parte da sintomatologia referenciada pelos colaboradores. Estes referiam que já conseguiam “estar a trabalhar as 8h sem dores nos membros inferiores, os pés já não inchavam tanto, a circulação estava melhor, sentiam a pernas mais leves, já conseguiam usar o calçado da empresa sem dores e até o intestino começou a funcionar melhor”.

Como consequência do programa de saúde e bem-estar que desenvolvemos, os colaboradores afirmaram que conseguiam trabalhar melhor, ganharam qualidade de vida, o seu compromisso com a empresa saiu reforçado e que pensariam duas vezes se deixariam a empresa por outra sem este tipo de programa de saúde e bem-estar.

O nosso trabalho durante estes 4 anos demonstrou que o investimento num programa de saúde e bem-estar tem retorno financeiro para as empresas, por cada 1 euro investido a empresa teve um retorno de até 7€.

Este retorno pode ser medido pelo impacto da redução do absentismo por baixa médica, pela diminuição dos acidentes de trabalho e consequente aumento dos seguros, pela poupança na formação de colaboradores substitutos/temporários, pelo aumento de produção, pela redução com os custos de saúde e, pode parecer menos importante mas com um impacto grande, pela melhoria do ambiente de trabalho.

Ao longo destes 4 anos de trabalho com os colaboradores destas empresas ficamos a conhecer cada um através da sua história clínica e pessoal (problemas familiares, problemas com as chefias, relacionamento com colegas de trabalho, outras doenças, entre outros fatores). Com este conhecimento profundo de cada colaborador, permitiu-nos perceber que, muitas das vezes, o seu estado de saúde era reflexo de muitas variantes físicas, emocionais e pessoais. Em todo o acompanhamento que fizemos procuramos desenvolver um tipo de tratamento integrativo com as várias especialidades que a clínica oferece. E isto permitiu-nos apresentar um tratamento integral a cada colaborador nas 3 dimensões de uma visão holística da saúde integral: física, mental e emocional. E esta foi a nossa grande aposta: Tratamos cada colaborador em todas as dimensões da sua saúde.

As empresas de abate, desmancha e charcutaria estão, nestes últimos anos, a sentir a dificuldade de contratar e de reter talento, sendo este um dos desafios com mais impacto nas empresas. A criação de um programa de saúde e bem-estar, centrado no tratamento e prevenção das principais lesões deste sector é, sem margem para qualquer dúvida, o caminho que permitirá atingir o sucesso. Não haverá mão-de-obra qualificada neste sector se não existir uma aposta na saúde integral das pessoas que lá trabalham. Reter talento neste sector passa, fundamentalmente, por valorizar o talento que já se tem e proporcionar novas formas de “salário emocional” tendo a saúde de cada colaborador como o principal foco.

Pessoas saudáveis criam empresas saudáveis. Apostar num programa de saúde e bem-estar é apostar na saúde da sua empresa.

Se quiser saber mais contacte-nos: www.nunopacheco.pt

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