A depressão é uma das doenças psiquiátricas mais comuns. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a depressão é um dos principais problemas de saúde no mundo desenvolvido.
Estima-se que uma em cada quatro mulheres e um em cada dez homens possam ter crises de depressão em alguma fase da sua vida e as crianças também podem ser afetadas.
Não existem dados concretos em relação à sua frequência em Portugal, mas as estimativas referem valores de 2 a 3% para os homens e de 5 a 9% para as mulheres para as formas mais graves de depressão e valores superiores a 20% para formas mais ligeiras da doença.
Sintomas
A depressão é uma perturbação do humor que não deve ser confundida com sentimentos de tristeza, geralmente reativos a acontecimentos da vida, temporários e que, de um modo geral, não são incompatíveis com uma vida normal.
A patologia depressiva pode apresentar diferentes formas e graus de gravidade e os seus sintomas podem prolongar-se no tempo, podendo incluir:
- Sentimentos de tristeza e aborrecimento
- Sensações de irritabilidade, tensão ou agitação
- Sensações de aflição, preocupação, receios infundados e insegurança
- Diminuição da energia, fadiga e lentidão
- Perda de interesse e prazer nas atividades diárias
- Perturbação do sono e do desejo sexual
- Variações significativas do peso por perturbações do apetite
- Sentimentos de culpa e de autodesvalorização
- Alterações da concentração, memória e raciocínio
- Sintomas físicos não devidos a outra doença (dores de cabeça, perturbações digestivas, dor crónica, mal-estar geral)
- Ideias de morte e tentativas de suicídio
A depressão afeta de modo significativo o rendimento no trabalho, a vida familiar e escolar e todas as atividades do doente, causando grande sofrimento.
Em casos mais graves, os sintomas podem surgir sem relação aparente com acontecimentos traumáticos da vida e duram diversos meses.
Nas formas mais ligeiras, a intensidade dos sintomas é menor e permite a manutenção das atividades diárias, embora esteja presente a sensação de fadiga, tristeza e desinteresse, e tende a prolongar-se durante anos.
Em alguns casos, a depressão não se manifesta sob a forma de tristeza, mas através de sintomas como a fadiga, dores inespecíficas, sensação de opressão no peito, insónias, perturbações digestivas (náuseas, vómitos, diarreia), o que coloca a hipótese de uma doença diferente, dificultando e retardando o diagnóstico.
Finalmente, a depressão pode fazer parte da doença bipolar, na qual ocorrem episódios de depressão alternados com períodos de excitação e euforia. Nas fases eufóricas, a autoestima dos doentes está muito elevada com perda da noção da realidade, podendo ocorrer gastos excessivos e a realização de negócios impossíveis.
Causas
De um modo geral, a depressão resulta de uma combinação de fatores genéticos, biológicos, ambientais e psicológicos:
- Existe tendência hereditária para alguns tipos de depressão.
- Os acontecimentos traumáticos da vida contribuem para o aparecimento da depressão, podendo funcionar como desencadeantes ou facilitadores de episódios depressivos.
- O tipo de personalidade e a forma como cada indivíduo lida com os problemas também se associa a uma maior ou menor predisposição para a depressão.
Tratamento
O tratamento é importante de modo a que a depressão não se prolongue e se agrave. Se os sintomas não forem reconhecidos como fazendo parte de uma doença, a avaliação negativa feita pelos outros tenderá a acentuar a fraca imagem pessoal e a reduzida autoestima.
O suicídio é uma possibilidade que não deve ser esquecida e o tratamento é essencial para reduzir esse risco e permitir a melhoria dos sintomas da depressão.
Existem diversos tratamentos possíveis para a depressão, incluindo-se os medicamentos antidepressivos e a psicoterapia, que deverão ser escolhidos pelo médico de forma individualizada. De um modo geral, são tratamentos que devem ser prolongados durante um período de tempo significativo de modo a serem eficazes.
O suporte familiar e social é um complemento importante do tratamento selecionado pelo médico.
O prognóstico da depressão é bom e depende essencialmente do tratamento instituído e de um adequado controlo de todos os fatores de risco presentes em cada caso.